O relatório final da Polícia Federal (PF) sobre a suposta estrutura clandestina na Abin (Agência Brasileira de Inteligência) mostra que funcionários da agência teriam fraudado um processo licitatório de R$ 5,7 milhões para a contratação do sistema de espionagem “First Mile”.
Segundo investigações o sistema realizou 60.734 consultas ilegais para a Abin em cerca de 1.800 terminais telefônicos, sem ordens judiciais. Entre fevereiro de 2019 e abril de 2021, monitorou diversos alvos, entre eles:
Alexandre José da Conceição (líder do MST, atual assessor especial no Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar);
Alexandre de Moraes (ministro do STF e relator do caso);
Carlos Bolsonaro (vereador, integrava o núcleo político ”da “Abin paralela”);
Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do Recife;
Empresas de transporte e órgãos públicos diversos;
Gilmar Mendes (ministro do STF);
Jean Wyllys (ex-deputado federal) e Josiane Matos Santos (irmã de Jean Wyllys);
Leandro Demori (jornalista) e Luiza Alves Bandeira (jornalista);
Rodrigo Maia (ex-presidente da Câmara dos Deputados);
e outros.
A aquisição do sistema de espionagem foi feita por dispensa de licitação em 26 de dezembro de 2018. O contrato previa 10 mil consultas por ano ao longo de 30 meses.
A contratação foi feita com a empresa Suntech S/A, então representante no Brasil da fabricante israelense Verint Systems.
Conforme a PF, a Abin tinha ciência do caráter intrusivo da ferramenta e ocultou essa informação em documentos oficiais do processo para burlar a necessidade de autorização judicial.
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