O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, afirmou nesta quarta-feira (11), durante uma visita à China, que conceder asilo ao opositor venezuelano Edmundo González Urrutia é um "gesto de humanidade".
"O asilo não deixa de ser um gesto humanitário, um compromisso civil da sociedade espanhola e, por extensão, do seu governo com pessoas que infelizmente sofrem perseguições e repressão", declarou Pedro Sánchez em coletiva de imprensa em Xangai.
O candidato da oposição venezuelana chegou à Espanha na segunda-feira (9) para pedir asilo, depois de um mês na clandestinidade, após as eleições presidenciais de 28 de julho.
"Tomei esta decisão pensando na Venezuela" para que "as coisas mudem" e para construir "uma nova era para a Venezuela", explicou o diplomata de 75 anos, em Madri.
A autoridade eleitoral declarou Nicolás Maduro vencedor das eleições, mas a oposição denuncia fraudes nas votações que não são reconhecidas pelos Estados Unidos, pela União Europeia e por vários países latino-americanos.
Desde a chegada de González a Madri, o governo espanhol tem recebido pressão da oposição para reconhecê-lo como o presidente eleito da Venezuela. Nesta quarta-feira, os deputados aprovaram uma proposta da oposição exigindo que ele seja reconhecido como vencedor das eleições e presidente da Venezuela.
Apresentada pelo conservador Partido Popular (PP) e aprovada com o voto de 177 deputados contra 164, a proposta pede também a Sánchez "que lidere o reconhecimento de Edmundo González nas instituições europeias e organismos internacionais, com o objetivo de garantir que, em 10 de janeiro de 2025, ele tome posse como novo presidente da Venezuela".
"Fazemos algo muito importante: trabalhar pela unidade da União Europeia para que este trabalho nos permita ter espaço de mediação daqui até o final do ano, para que possamos encontrar uma solução que transmita a vontade democrática expressa nas urnas para o povo venezuelano", insistiu.
Encontro em Pequim
Sánchez também indicou que não abordou a questão da Venezuela no seu encontro de segunda-feira em Pequim com o presidente chinês Xi Jinping, que é próximo de Maduro. "Não falamos sobre este assunto", disse Sánchez que, segundo a imprensa espanhola, se reunirá com González Urrutia no seu retorno a Madri.
A segunda visita do líder socialista à China em menos de dois anos teve um acentuado efeito econômico em um contexto de crescentes tensões comerciais entre Pequim e a União Europeia.
A Comissão Europeia, órgão Executivo que supervisiona a política comercial do bloco, anunciou no mês passado um plano para impor tarifas de até 36% sobre veículos elétricos importados da China durante cinco anos.
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