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Uma luz à direita?
Paulo Figueiredo

Brasil

Uma luz à direita?

Tudo por causa da fulaninha que não podia ser exposta.

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O editorial expõe sua visão de que tanto Lula quanto Bolsonaro foram “incapazes de inspirar o reconhecimento dos valores e aspirações comuns que nos unem como brasileiros” e, ao contrário, “usaram o dissenso como arma eleitoral”. O Estadão não apenas reporta, mas claramente endossa a iniciativa de Temer, classificando-a como um caminho para uma direita “adequada aos novos tempos”

Leia na íntegra:

Iniciativa proposta por Michel Temer abre caminho para redefinir a direita brasileira num cenário sem seu maior líder – Jair Bolsonaro – e sem o radicalismo que marca o bolsonarismo

Diferentes jornalistas reportaram nos últimos dias uma iniciativa louvável do ex-presidente Michel Temer: ele trabalha para unir os cinco governadores que já manifestaram ambições presidenciais em torno de um projeto único, que funcione como alternativa à polarização protagonizada por Lula da Silva e Jair Bolsonaro. Batizada de Movimento Brasil, a iniciativa busca redefinir a direita brasileira num cenário sem o seu maior líder, hoje inelegível e a caminho de ser julgado e possivelmente preso pela tentativa de golpe de Estado. É uma forma de concretizar o que, neste momento, parece ser uma tarefa tão difícil e arriscada quanto necessária, isto é, projetar uma direita sem Bolsonaro, ancorada em torno de ideias comuns capazes de unir parcela do País e os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo), Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), Ronaldo Caiado (Goiás), Romeu Zema (Minas Gerais) e Ratinho Junior (Paraná).

Se avançar, o movimento terá dois méritos especialmente relevantes: de um lado, atender aos clamores de uma parte significativa dos brasileiros que está cansada de Lula e Bolsonaro e dos tempos destrutivos protagonizados por ambos; e, de outro, consolidar o que se espera de uma direita adequada aos novos tempos, democrática, republicana, moderada, qualificada e liberal – tudo o que o bolsonarismo não é. É uma possibilidade, como se disse, difícil e arriscada em razão da arapuca que Bolsonaro montou para os governadores, na qual qualquer liderança que pretenda herdar seus votos precisará estar umbilicalmente ligada a ele e afinada com o bolsonarismo raiz. Como se sabe, o ex-presidente e seus filhos trabalham para que eventuais herdeiros rezem o seu credo com fidelidade absoluta.

O movimento de Michel Temer propõe algo diferente. Engenhoso, sugere que cada um dos governadores leve adiante sua pré-candidatura, sem atacar os demais. Juntos, eles bancariam um programa de governo que represente ideias com as quais o grupo concorda. A definição de quem, afinal, comandaria o programa se daria somente ao longo do primeiro semestre de 2026. Cauteloso, Temer concebeu um calendário que, realisticamente, ao mesmo tempo afasta e preserva Bolsonaro, ao levar a definição de um nome para quando avançarem os desdobramentos do julgamento em curso no Supremo Tribunal Federal, enquanto simultaneamente evita que a direita trabalhe à mercê do bolsonarismo mais empedernido.

É verdade que, para o bem do Brasil, qualquer candidato da direita deveria cumprir a obrigação moral de condenar o golpismo e o extremismo que Bolsonaro representa. Mas também é verdade que, a essa altura, seria ingenuidade acreditar que o farão sem consequências eleitorais. Foi movido por esse cálculo – indesejável mas, vá lá, compreensível – que o favorito deles, Tarcísio de Freitas, equilibrou-se até aqui entre a enfática defesa do ex-presidente liberticida e a condição de moderado e democrata. Como este jornal já notou, Tarcísio parece ter feito o cálculo de que estar com Bolsonaro não necessariamente tiraria votos do eleitorado anti-Lula e anti-PT, mas afastar-se do ex-presidente o inviabilizaria entre os mais fiéis do bolsonarismo. Candidato ou não em 2026, ele sabe que a direita precisará acenar para Bolsonaro.

Os dois líderes políticos mais populares da história recente, Lula e Bolsonaro foram incapazes de usar sua popularidade para inspirar, em seus governados, como faria um verdadeiro estadista, o reconhecimento dos valores e aspirações comuns que nos unem como brasileiros. Ao contrário, foram hábeis em usar o dissenso como arma eleitoral, obliterando princípios que deveriam orientar a democracia brasileira, como a liberdade política e o pluralismo. O resultado está no sentimento popular: segundo pesquisa Genial/Quaest de março, mais da metade dos brasileiros preferiam um outro nome para liderar o País. Isso não significa, por ora, que haja espaço eleitoral para uma terceira via, mas certamente pede novas escolhas.

Enquanto a esquerda segue gravitando em torno de Lula da Silva, a direita tem a chance, com o movimento proposto por Michel Temer, de não só fortalecer um nome longe do clã Bolsonaro e do radicalismo como também ancorá-lo em torno de um projeto de país. Só em ensejar tal debate já torna importante sua iniciativa.

FONTE/CRÉDITOS: Paulo Figueiredo
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